No último domingo (08/07/2012),
corri a minha primeira maratona (42,195 km). No meu caso, especificamente,
foram 04h32min correndo sem parar. Não é, sem dúvida, um rendimento
extraordinário, mas foi o melhor que eu pude fazer e a sensação de realização e
dever cumprido eu simplesmente não poderia descrever. Eu COMPLETEI uma
maratona. Eu sou MARATONISTA!!!!!
Não encarei um desafio
desses de uma hora para outra e a razão de este texto vir parar aqui é justamente
porque se propor a completar uma maratona é algo muito parecido com se propor a
ser aprovado em um concurso difícil.
Ressalto que não estou
mencionando o fato de “se inscrever” em uma maratona ou em um concurso. Falo,
aqui, de se predispor a completar a maratona, ou seja, a experimentar
efetivamente o resultado do esforço. Falo também de se dirigir ao concurso com
a confiança na aprovação, tudo baseado no estudo realizado.
Estou falando das
semelhanças porque já vivi as duas experiências. No caso da maratona, eu
comecei a correr em janeiro de 2010. Fiz provas de 05 km, 10 km, 18 km (Volta
da Pampulha), em 2010, e, após três meias-maratonas (21 km: Rio de Janeiro,
Buenos Aires e Recife) em 2011, resolvi encarar o desafio maior em 2012: a
maratona.
Um projeto como esse
demanda, pelo menos, 06 (seis) meses de preparação, se não quiser ganhar uma
lesão e interromper as corridas, talvez definitivamente. Assim, o meu treinador
elaborou uma planilha de treinamento, com previsão de quatro treinos por
semana, estabelecendo-se o aumento gradativo da quilometragem até o resultado
final.
Um corredor que já
tenha feito a meia-maratona inicia um treino desses com uma média de 40 km por
semana e vai evoluindo até 60 km por semana, quando estará preparado para a
prova. Os treinos mais longos, no meu caso, eram feitos uma vez por semana e
iam à distância de, no máximo, 32 km.
O meu projeto era
concluir a maratona, simplesmente por amar o desafio. Eu nunca ia ganhar a
prova e nem vou viver de corridas. Não é esta a profissão que eu escolhi. O que
move um corredor amador é o puro e simples desafio; é buscar ser melhor do que
foi ontem; é testar os limites; é testar a determinação; entre tantos outros fatores.
Vai-se em busca da sensação de vitória de si mesmo; da realização que isto
proporciona; da sensação de que se é capaz, basta querer de verdade; e da
certeza de que é a mente que domina o corpo.
Eu acho muito engraçado
quando me perguntam, ao terminar uma corrida, em qual colocação eu cheguei. A
pergunta, por si só, indica que a pessoa nunca correu e não sabe o que é
participar de uma prova como essas.
Ontem havia mais de
5.000 (cinco mil) corredores para a maratona, dos quais apenas 05 (cinco) do
masculino e 05 (cinco) do feminino, que largaram no pelotão de elite, ganharam
alguma premiação. Todos os demais estavam literalmente pagando para estar ali,
cientes da recompensa interna que teriam na linha de chegada. Já pararam para
se perguntar: “O que lhes move? Para que tanto esforço? Por que não desistem?”
Não desistem porque
fizeram um compromisso interno de ir até o final e este é o único compromisso
que nos vincula.
Uma prova como a
maratona depende 30% do treinamento e 70% do psicológico. Assim como um
concurso, a pessoa só inicia o treinamento se, primeiro, acreditar ser possível
alcançar o resultado. Em seguida, faz uma opção de vida e passa a experimentar
renúncias: para correr quatro vezes por semana (ou estudar com seriedade), é
necessário isolamento; perder alguns programas favoritos; furtar-se à companhia
dos amigos e familiares em alguns momentos; concentrar-se; organizar-se para
que a dedicação não atrapalhe seus relacionamentos; conversar consigo mesmo em
vários momentos; pedir a Deus força e perseverança...
É preciso, desde
sempre, ter em mente que o resultado não pode estar dissociado da prévia
dedicação. Quando o resultado chegar às suas mãos, você precisa lembrar-se de
tudo o que você passou para atingi-lo. Só assim poderá dizer: “isso aqui é meu.
Fui eu que conquistei”. Nada substitui uma sensação como essa.
O meu treino, como eu
falei, foi com longões (como chamamos os treinos mais longos) de, no máximo, 32
km. O meu desafio era de 42,195 km. Assim, trabalhei minha mente para encarar o
desafio de trás para a frente.
Quando eu estava no 10°
km, pensei: “estou começando a correr agora. Só faltam 32 km e este total eu já
fiz antes”. E fui seguindo em frente. Dividi a prova em 06 partes de 07 km e, a
cada parte vencida, havia uma comemoração interior e a certeza de que o
resultado estava mais próximo. Lembro-me de cada sensação que tive na corrida,
de cada dor. Em nenhum momento, nem por um segundo, passou pela minha cabeça a
ideia de desistir ou de caminhar. Eu só pensava: “está mais perto! Só faltam 32
km!... Só faltam 25 km!... Só faltam 15 km!.. Só faltam 02 partes de 07 km!..
Só faltam 5 km...”.
Quando eu cruzei a
linha de chegada, chorei involuntariamente. Lembrei logo da frase do ciclista
norte-americano Lance Armstrong: “A dor é passageira. Desistir dura para
sempre!”. É a mais pura verdade. Esqueci toda a dor, todo o desgaste dos
treinos, todas as renúncias. O resultado é meu. Ninguém mais tira minha
condição de maratonista. Ninguém mais pode duvidar de que eu sou capaz de
correr 42,195 km sem parar, basta que eu acredite na minha capacidade e faça o
treinamento adequado.
E por diversas vezes
sonhei que perdia a hora da largada; que minhas pernas travavam; que não
conseguia correr; que desmaiava... Tudo não passava de uma estratégia da mente
para me prevenir das adversidades. Preparei tudo antecipadamente: dois
despertadores; gel de carboidrato para consumir na hora da prova; ipod; GPS;
frequencímetro;... Logo me lembrei do concurso e da preparação nos mínimos
detalhes: despertador, documento, canetas, códigos...
A grande verdade é que
a vida é repleta de desafios e que a maioria deles são voluntários.
Predispomo-nos a encarar os desafios e eles só farão sentido se verdadeiramente
nos dedicarmos a enfrentá-los. Em vários momentos da minha vida (no vestibular,
no concurso, nos problemas enfrentados após a perda do meu pai, nas corridas...),
lembro-me de ter pedido a Deus apenas que segurasse a minha mão, mas que me
deixasse enfrentar todas as etapas para que os resultados fossem apenas
consequências do meu esforço. E esta é minha única recompensa: a certeza
interna de que eu sou capaz.
Amanhã posso decidir não
continuar a correr maratonas, mas, internamente, existe a certeza de que não
continuarei porque eu não quero, não porque não posso.
Lembrei-me agora, por
acaso, de uma professora universitária, ainda na Faculdade, que, ao ouvir sobre
o meu interesse de fazer concurso para Juiz Federal, me disse: “cuidado ao
sonhar com o impossível porque pode não aguentar a queda”.
Essa aí não sabe o bem
que me fez!! ADORO quando dizem que eu não sou capaz de alguma coisa. Este é o
meu combustível! É justamente o que acende a minha determinação. Hoje eu diria
a ela: “nunca sonhei com o impossível. Tudo o que depende exclusivamente do meu
esforço sempre me foi possível!”.
E existe um momento
para desistir? Nunca sem que a pessoa tenha verdadeiramente tentado alcançar o
resultado, através do verdadeiro esforço, sem atalhos e sem desculpas.
A verdade é que, como
eu coloquei no twitter uma vez, todas
as nossas limitações decorrem da nossa própria decisão de nos limitarmos. Que
desculpas você inventou para si mesmo hoje? Os seus desafios estão sendo
verdadeiramente enfrentados, com esforço e disciplina?
Abraço,
Carolina
(twitter:
@CarolinaMalta1)
Texto inspirador. Parabéns!!
ResponderExcluirAinda estou na faculdade e ouvi algo parecido: "quanto maior o sonho, maior a queda".
Na hora fiquei com pena, porque essa pessoa não tem a alegria de sonhar de verdade e não sabe que quanto maiores os sonhos, maiores as conquistas!!
Verdade, Regiane. Uma pessoa dessa é digna de pena!! Você precisa ter um projeto bem definido para seguir o caminho necessário para alcançá-lo. Quem não percebe isso e não estimula as pessoas nunca enfrentou nada e não tem ideia do que é isso. Só merece nosso lamento! Obrigada pelo elogio. Grande abraço, Carolina
ExcluirObrigado pelo texto!
ResponderExcluirInspirador e motivador! Realmente, se sou capaz de sonhar, também serei capaz de realizar!
Por um determinado período, abri mão de alguns sonhos. Agora, retomando-os e lendo um testemunho como este, sinto-me motivado a prosseguir.
Que bom, Silvio! Vale à pena persistir. Todos temos dificuldades. Vitorioso será o que persistir, apesar das dificuldades! Abração, Carolina
ExcluirUm lindo texto. Uma verdadeira lição de vida. Parabéns pela conquista.
ResponderExcluirMuito obrigada, Ronaldo!! Vamos em busca dos nossos sonhos!!
ExcluirVoce nao sabe a minha alegria ao ler este texto!! Sou de SP e segunda feira foi feriado aqui. Fiquei sozinha em casa. Abri mao de ir pro interior ver meus pais. Abri mao de viajar com o meu namorado. Das festas, dos amigos...e assisti 10 aulas, resolvi questoes...etc. E tive um orgulho taaao grande de mim. Nao por achar que estou me matando, mas por ter ctz que, finalmente, estou entrando de verdade no caminho que me levará a posse!! Obrigada por me fazer ter ctz!! =) Bjos, Gabi
ResponderExcluirQue alegria, Gabi. Comemore cada progresso e se imagine tomando posse! Isso dá força interior e é este o caminho. Não há atalhos! :D
ExcluirCarol,
ResponderExcluirParabéns pelo blog, e obrigado pelo texto! Veio na hora certa pra mim. Me dediquei muito desde o ano passado para esse concurso da AGU, e não consegui passar por pouco. Passei o dia ontem cabisbaixo, frustrado, achando que minha esforço tinha sido em vão.
Mas é levantar a cabeça que faltam poucos km...rs
Beijos!
Rodolfo, que bom saber disso. Conhecendo-o tenho certeza que é só uma questão de tempo. Nunca se deixe abater. Faz parte do processo ficar triste no dia em que as coisas não acontecem como a gente esperava e o caminho é esse mesmo: levantar e seguir em frente! Muito sucesso para você, viu? Beijo, Carol
ExcluirCarol,
ResponderExcluirSua mensagem me emocionou. Lembrei do dia em que te conheci (não sei se lembra) na porta do colégio que fez a prova para juiz... Eu tinha ido buscar Polyana e a achei extremamente simples e calma. Não sabia se passaria no concurso, mas algo me disse que você era diferente, cheguei inclusive a comentar com Poly!
Neste texto você colocou em palavras o que eu entendo por "QUERER". Sempre acreditei que se pode conseguir tudo que se quer, mas "querer" é bem mais do que apenas ter uma vontadezinha mixuruca. Querer é se dispor a pagar o preço necessário para se conseguir o que se quer.
Parabéns pelo concurso, pela maratona, pelo texto... parabéns pelo Blog. Continue assim! :-)
Grande amigo José Alberto, claro que eu lembro. Naquele dia eu te conheci e também conheci Cídia, esposa de Flávio. Muito obrigada por sua mensagem! Vc sabe exatamente do que eu estou falando porque é um vitorioso, assim como Polyana. Inclusive, todo mundo que vem se queixando para mim que "não estudo porque eu tenho filhos", lembro logo de vocês... E muita gente chega para a gente dizendo "você tem sorte... Deus te ajudou". Ninguém vê o esforço que está por trás de cada realização, não é?
ExcluirAbração pra você, viu? Adooorooo esse casal!!
Carol
Carol, lindo mesmo o texto!
ResponderExcluirValeu, Marília!! Beijão! :))
ExcluirCarolina,
ResponderExcluirNão nos conhecemos, mas há algum tempo que escuto falar em seu nome. Tanto por nosso amigo em comum, Chico, quanto pelo pessoal do Gabinete de Dr. Geraldo, o GABGA, onde também estagiei até o fim do ano passado. Jair, que de vez em quando falava qual era a mesa em que você se sentava... Hehehe!
Parabéns pelo ótimo blog, mas sobretudo por esse texto e pelos ensinamentos de perseverança e coragem. Também tenho uma paixão por corridas, embora esteja um pouco afastado ultimamente, e imagino a alegria que deve ser completar uma maratona. Se, quando consegui completar 10 km, já me senti muito bem, avalie 42...
De qualquer forma, achei que deveria dizer que tanto esse quanto os demais relatos aqui veiculados têm servido de inspiração para mim, e acredito que para os demais que se engajaram nessa corrida, almejando ser seus futuros colegas! :)
Artur, obrigada pela sua mensagem!
ExcluirFiz grandes amigos no Gabinete do Dr. Geraldo e foi lá que aprendi a redigir os votos e, depois, só tive que adaptar para a forma de sentença.
Foi muito proveitoso o meu período lá e espero que também tenha sido para você.
Acho que a melhor coisa deste blog é receber as histórias e me aproximar das pessoas.
Fico feliz por você reafirmar os seus objetivos, nas corridas ou em concursos. Tenha certeza que 99% depende do esforço e só 1% depende da "sorte" ou do "destino". Espero que tenha muito sucesso!!
Abraço,
Carolina
Ah, meus 2 anos no GABGA foram excelentes, sim. Por todas as pessoas incríveis que lá tive a oportunidade de conhecer, e pelo fato de que somente a partir do estágio foi que passei a realmente gostar do Direito e por ele a, de fato, me interessar. E, de quebra, o Tribunal, além de todos os ensinamentos e das lições, ainda me mostrou a carreira que quero para meu futuro. :)
ExcluirApesar de todas as dificuldades inerentes ao concurso, e de tudo o mais, é sempre bom ver o exemplo de pessoas que estavam em circunstâncias próximas e que chegaram lá.
Obrigado pelo apoio e pelo incentivo.
Abraço,
Artur
Que bom, Artur. Estou na torcida!! Abraço, Carolina
ExcluirIncrível! Sem palavras... Você é abençoada e iluminada por Deus. Parabéns por esse excelente Blog!!! Desde já sou seu fã!!! Abraços!!!
ResponderExcluirMuito obrigada, Marcelo. Na verdade, falei da maratona neste texto para dar o exemplo de que, para qualquer resultado, há um prévio esforço. Muitos chegam para mim e dizem que eu tenho sorte, que Deus me ajudou, sem pensarem nas renúncias que tive que fazer e nas noites em que fiquei sem dormir, estudando. É importante, muitas vezes, estimular as pessoas a questionarem seus objetivos e a questionarem o que estão efetivamente fazendo para alcançá-los. Tenho pena dos que estão "à espera de um milagre" ou que se julgam merecedores por seus problemas familiares ou dificuldades financeiras, mas lhes falta atitude e determinação. Enfim...
ExcluirMuito obrigada pela mensagem! Grande abraço, Carolina
Carol, perfeito teu texto! Parabéns!!! Sempre tive em meus pensamentos essa comparação entre uma prova ( corrida) e outra prova (concurso) , sou corredora de meia maratona, e pretendo começar á estudar para concurso! PF, sou formada em Direito, e como te falei, sempre fiz essa analogia entre as duas provas! Porém agora lendo o teu texto, percebi que: é muito mais fácil correr uma maratona, pois uma planilha de treinos feita por um especialista , execução dos treinos + dedicação+mente fortalecida será igual á cruzar á linha de chegada, e , com relação ás provas(concurso) me sinto perdida , sem saber pelo menos como começar, e se estou no caminho certo, não tenho como comprar uma planilha que me direcione de maneira que eu tenha a confiança de estar no caminho certo. me sinto perdida! Se possível, peço tua ajuda! OBRIGADA !!!
ResponderExcluirObrigada pela mensagem, Carina! Eu não diria que correr a maratona é um projeto muito mais fácil porque a junção dos requisitos que você falou (especialista + execução dos treinos + dedicação + mente fortalecida) é tão complexa quanto abraçar vários outros projetos e posso lhe assegurar que é mais difícil do que conseguir a aprovação em muitos concursos. Já experimentou fazer um treino de 30 km sozinha, depois de ter feito, na mesma semana, três treinos de, no mínimo, 10 km cada um? E cumprir no mínimo 40 km por semana durante, pelo menos, seis meses? Acho, porém, que a corrida é mais democrática, porque é possível a todas as classes sociais e não demanda que a pessoa tenha uma base anterior (um bom segundo grau, um bom curso universitário), mas, no fundo, os princípios que vão gerar o resultado são os mesmos: bom material de estudo + efetivo estudo + dedicação + mente fortalecida. Muitas vezes, porém, os projetos que não temos no momento ou os projetos "dos outros" tendem a parecer mais fáceis que os nossos...
ExcluirNão sei qual o concurso que você pretende. Eu fiz dois textos em junho sobre a "preparação". Dá uma olhada para ver se te ajudam. Qualquer coisa, estou às ordens para ajudá-la (maltacs@hotmail.com). Abraço, Carolina